Nota: esta tradução é anterior ao início do projeto e será refeita um dia™
“Oh, isso me traz lembranças… Sinto como se fosse ontem que eu estava brincando por aí com a Bern. Me pergunto quanto tempo se passou. Bem, tanto faz. Eu sou um superpapel limitado1. Ao invés de reviver memórias do passado, eu certamente, certamente teria minha diversão rasgando o embrulho de um chocolate chamado futuro. ”
Lambdadelta dá as boas-vindas a um raro convidado.
É um dos gatos pretos que servem à Bernkastel, que percorreu um longo caminho, carregando um lindo envelope em sua boca.
“Hmm, você trouxe isso? Essa carta é endereçada a mim? Eu, que sou ninguém menos que a Bruxa da Certeza, Lambda-chan-sama. Obrigada por percorrer todo esse caminho, gatinho. Que tipo de recompensa você gostaria: chocolate sambei ou chocolate arare? Ah, você não quer nada? Hmm, tudo bem.
Gatos não podem comer chocolate. O gato preto balançou a cabeça se desculpando.
“Contudo, eu nunca pensei que veria o dia que aquela garota me mandaria uma carta. Me pergunto sobre o que é. Talvez ele esteja à beira da morte devido ao tédio e escrever uma carta foi a única ideia que ele teve para falar comigo? Não, isso nunca aconteceria com ela. Entendi, ela quer me maltratar com o novo jogo dela, não?
Com um sorriso indecente, Lambdadelta tapou o nariz do gato preto. É claro, esta era a única forma de que o gato que entregou a carta não soubesse o que continha nela.
Quando Lambdadelta abriu o envelope, um reluzente Fragmento saiu da própria carta.
“Ora, ora. Agora temos algo interessante aqui”
De fato, isso era um Fragmento — a cristalização de um mundo único, extraído da miríade multicolorida da existência de universos. Heheh, me pergunto que tipo de mundo esse Fragmento contém. Ele tem um brilho próprio radiante.
“Não é uma má ideia, vindo dela. Agora, vamos dar uma olhada nessa carta…”
“Para a minha velha amiga, Lambdadelta,
Conhecendo você, eu consigo imaginá-la sendo derrubada pela doença do tédio. Além disso, você é muito grossa às vezes. Tenho certeza que você iria ficar de mau humor se eu não brincasse com você de vez enquanto.”
“Olha quem fala… Entendo, você ficou solitária porque eu parei de prestar atenção em você por um tempo, não? Heheheh, A Bern é tão fofa. ”
Por isso que, em um pequeno ataque de compaixão, eu me permiti me preocupar com você.
Diga, Lambda, como você gostaria de brincar com o Fragmento que eu te enviei, um presente meu para você? É claro, você é livre para considerar isso apenas como uma forma de passar o tempo. Você pode considerar isso um desafio por escrito ou um pacote de cuidados. Você pode pensar como a cristalização do meu amor por você, se quiser. Faça o que achar melhor.
Aa~h!! Eu não acredito que sentiu tanto a minha falta! Heheheh, eu também te amo, Bern♪ Certo, o que vem agora? Como eu supostamente vou brincar por aí com esse Fragmento?
A forma para brincar com esse Fragmento é bem simples. A condição para vitória é bem simples. Se você conseguir fazer isso e sair viva, você vence. Viu, mesmo alguém limitada como você pode brincar sem nenhuma dificuldade.
“Hmmm… Em outras palavras, se você tiver que beber lama ou se tiver um membro arrancado de seu corpo e terminar rastejando como uma minhoca, você só tem que fazer isso e ganhar no final? Esses tipos de jogos são minha especialidade, sabia? Não é como se você não soubesse disso. …Se ele está lançando o desafio, apesar disso, eu acho que isso é mesmo um desafio escrito. Ah, ela é a coisa mais fofa. ”
Eu espero que você aproveite o Fragmento.
Bem, verei você de novo, algum dia. Quando elas chorarem.
A carta acaba aqui.
Após ler isso, não há nada mais para levá-la ao desafio. Já faz tempo que a Lambdadelta jogou um jogo com um tabuleiro substancial. Desde que a Bernkastel se foi, era certo que seria divertido.
Lambdadelta tocou o Fragmento.
O momento que ela fez isso, um conjunto de constelações suspensas no ar, girando em torno do Fragmento e formando uma galáxia em miniatura.
“…Oh, isso é tão nostálgico. Então o palco está montado na zona rural japonesa. Embora pareça que o lugar é mais desolado que Hinamizawa. …certo, hora de decidir minha peça. Qual delas devo escolher? ”
Lambdadelta passou a mão nas peças, brancas, pretas, azuis, vermelhas, de várias formas e tamanhos, que fazem lembrar xadrez, que apareceram no ar.
“Qual desse seria o melhor? …Hmmm.”
Para participar do jogo com um Fragmento, você primeiro precisa mandar na peça. Em outras palavras, seria algo muito semelhante a uma tela de seleção de personagens em um videogame.
Após cruzar seus braços e pensar um pouco, ele acabou por escolher a peça preta.
Ela não tinha certeza da situação, mas se o objetivo do jogo era sobreviver, ela pensou que a melhor opção seria ser algo mais robusto, inteligente e com um forte desejo de viver.
“…Nesse caso, vou usar esta peça. Vamos lá, minha outra eu.”
Ele pegou a peça no meio do ar e então arremessou-a para dentro da galáxia.
Logo que fez isso, infinitos números de luzes deslumbrantes se espalharam e, em um momento, o mundo estava completamente submerso em um mar de estrelas.
A consciência de Lambdadelta foi sugada para dentro dessas brilhantes luzes…
……………
…………
………
……
…
Passando o Sexto Jizo, tem uma pequena bacia para lavar as mãos.
Essa era a entrada para o vilarejo.
Eu parei minha motocicleta lá. Estava ansiosa para aproveitar a paisagem até as solas de meus pés.
A coloração das montanhas se misturava com o verde das grossas árvores. Ao pôr do sol, tenho certeza que haverá várias outras formas e cores, criando uma festa para os olhos. Apesar do sol estar alto e forte, havia algo refrescante naquele ar.
Uma ótima paisagem e um ótimo ar.
Oh, é mesmo. Você supostamente não deveria dizer essas coisas em voz alta. É rude para com as pessoas que vivem naquele local.
…Espera, talvez esteja certo. Afinal, se eu não pudesse dizer isso, eu não teria permissão para entrar.
E no fim, eu me atrevi a colocar em palavras.
“Uma ótima paisagem e um ótimo clima.”
Eu tirei minha mochila e peguei meu caderno de pesquisa. Eu estou pesquisando sobre esta vila há muito tempo, mas essa é a primeira vez que eu entro nela.
Estar estudando um vilarejo e nunca tê-lo visitado? Se você pensar sobre isso, não faz muito sentido. É o mesmo que tentar saber o gosto de um bolo apenas lendo a receita dele.
Ainda… Se você comer o bolo, vai aprender sobre o seu sabor. Você pode fazer um registro dele também. Mas e se não for um bolo, mas algo misterioso, tipo um item misterioso e lamacento? Não haveria como dizer que é comestível, muito menos gostoso. Não, pior ainda, poderia estar emitindo uma fumaça em forma de caveira.
Se for algo não identificado… você o guardaria para comer em seu último passo, não?
Esse é o motivo.
É por isso que, só agora, pela primeira vez, eu finalmente vim para esta ilha.
Após pesquisar o suficiente e me preparar… Eu finalmente vou poder provar desse misterioso item…
Ah, certo, já está na hora de “me” apresentar.
Meu nome é Miyoko Takano. Eu sou uma desocupada, pesquisadora de ocultismo e viajante. Uma amável solteira que adora pesquisar todas e qualquer lenda que tenha algo relacionado ao ocultismo proveniente das diversas regiões do Japão.
Na minha idade, tipicamente, se espera que eu seja uma mulher trabalhadora, mas parece que eu tive sorte ao nascer.
Meu avô deixou para trás uma enorme fortuna quando ele faleceu. E confiou a mim, uma enorme quantia de dinheiro para comprar uma mansão em qualquer lugar do Japão que eu quisesse. Graças a isso, minha vida é diferente da vida de uma pessoa normal. Eu não tenho que trabalhar para me sustentar, fazendo coisas que não quero só para poder continuar vivendo. Eu posso dedicar toda a minha existência ao trabalho.
Viu? Se isso não é ter nascido com sorte, o que é? Hehehe.
Embora… é provável que eu não tenha nascido com essa sorte.
“Eu tenho isso desde que eu coletei isto.”
Eu peguei algo, do bolso do meu peito, envolto por um lenço e coloquei contra o meu peito. Eu gentilmente abri o lenço. Mostrando rapidamente várias bandeiras em miniatura de países. … Ao todo são vinte bandeiras que eu coletei de refeições infantis. São o meu amuleto especial da sorte, é o único de sua espécie.
É por isso que tudo, certamente, termina bem. Eu certamente, certamente alcançarei meu objetivo.
…Certo, que tal eu te levar para um breve passeio turístico?
Deste lado, você pode ver a entrada do vilarejo, marcada pelos seis Jizos. As “regras” desse vilarejo passam a valer a partir daqui.
A primeira envolve essa bacia para lavar as mãos.
Sim, como pode ver, é como um temizuya³, que você vê em muitos santuários. Naturalmente, as regras de etiqueta são bem similares. Você pega a água com a concha e purifica suas mãos.
Antigamente, essa terra era reverenciada pelo seu solo sagrado — uma montanha nevada onde ascetas vinham para se isolar. Os guardiões desse solo sagrado, eventualmente decidiram construir uma vila aqui, e foi assim que esse lugar surgiu. De acordo com a lenda, todos os atuais moradores são descendentes desses guardiões. Os moradores mais antigos assumiram a séria responsabilidade e, para garantir que não haja nenhuma impureza, ou para garantir que eles mesmos não fiquem impuros, eles vivem sobre estas regras.
Mas além desse estilo de vida restrito, que persistiu por centenas de anos, não conseguiu se manter intocado por causa das radicais mudanças ocorridas no período Showa. Os jovens moradores, que aprenderam sobre a vida do lado de fora através de televisões e escolas, passaram achar esses restritos preconceitos um incômodo. Mesmo sem essas regras, não havia nada que mantivessem os jovens presos a essa vila, no meio do nada.
Sem meios para prevenir o êxodo dessa nova geração, a vila sofreu uma grande perda de população após a Segunda Guerra Mundial. E, no fim, os moradores mais antigos foram os únicos que permaneceram lá. E lentamente seus números foram diminuindo à medida em que eles iam morrendo de velhice.
A população continuou a diminuir, sem esperanças de gerar uma nova linhagem.
É claro, como a vida no campo foi romantizada nos últimos anos, deve existir muitas pessoas excêntricas que desejem se mudar para lugares calmos como esse. Porém… esse é um vilarejo que pertence aos descendentes dos guardiões. Não é um local onde pessoas da cidade podem vir quando cansarem da vida na cidade, para ter calma e cultivar. Seria muito difícil para uma pessoa de fora conseguir cumprir com todas as regras.
Felizmente, as regras não são tão incomuns e não são difíceis de serem entendidas.
O que é difícil de entender é intolerante atitude dos moradores, que condenam qualquer um que não consiga obedecê-las à risca.
A primeira delas tem a ver com essa bacia para lavar as mãos. Para evitar trazer impurezas para dentro da vila, todos devem lavar as mãos antes de entrar.
Não é algo tão difícil de se entender.
O problema é o quão restrito o vilarejo é, não importa qual seja a situação.
Como você pode ver, isso fica no meio da estrada que leva até o vilarejo. Qualquer pessoa racional entende como pode ser inconveniente estacionar seu carro aqui para lavar as mãos. Podendo ser até pior caso esteja nevando ou chovendo, ou você esteja exausto e apenas queira ir para casa.
E ainda, os moradores não vou deixar você ir embora por qualquer tarefa que o incomode uma única vez.
Sempre que uma nova pessoa vem para o vilarejo, os anciãos a observam para garantir que não vá quebrar nenhuma regra.
E se eles fizerem algo errado? Eles são banidos. Ou não, mais precisamente poderíamos dizer que eles são atacados. Eles bombardeiam os pobres recém-chegados com todos os tipos de assédio até obter sucesso em fazer com que eles saiam da vila.
Pessoa vitais para a vila, como médicos, não são exceções. Nenhum médico vive na vila, mas vêm de vez em quando algum corajoso vai fazer uma visita. E é claro, os moradores o recebem de braços abertos, e eles, de antemão, vão prestativamente passar por cima das regras.
… Mas no momento em que alguém quebrar alguma regra, a atitude dos moradores muda completamente, então começam o seu ataque frontal. Não há nenhum médico que tenha se estabelecido aqui.
Surpreendentemente, esse tratamento cruel passa a ser menos ríspido quando direcionado à famílias e amigos. Parece que os jovens conseguem sair do vilarejo apenas com algumas severas repreensões. É claro, embora possa ter sido algo mais “leve”, quando comparado, é muito mais pesado quando um espancamento comum. Tem alguns anciões no vilarejo que possuem cicatrizes de quando foram disciplinados.
Em outras palavras, não há como escapar da punição, mas ao menos eles não se exilam por conta própria do vilarejo.
Diferente das pessoas de fora, todos os residentes, na teoria, são descendentes dos guardiões do solo sagrado. Eles devem acreditar que eles são fundamentalmente capazes de se reformar.
Após ouvir tudo isso, é fácil de imaginar esse horrível vilarejo, governado pelo medo e preceitos, mas aqueles que vivem lá não veem dessa forma. Para eles, as regras são algo natural como respirar, e é assim que as coisas deveriam ser. Como tal, eles não consideram isso como algo sufocante, eles apenas seguem essas regras como parte de suas vidas.
Você pode dizer que isso é similar a quando você chega em casa e tirar os seus sapatos na entrada. Se você for japonês, é algo normal. Você não vai encontrar um único Japonês que ache essa “regra” algo opressivo. Não há nenhum Japonês que se sinta relutante em dizer “itadakimasu” antes da refeição, não há ninguém que se recuse a dizer “obrigado” após algum favor. Essas regras que parecem ser terrivelmente razoáveis para os nossos padrões, são apenas uma parte extremamente típica da vida diária dos anciões do vilarejo.
Por isso, para os olhos das pessoas que vivem aqui, parar o seu carro na entrada, lavar suas mãos e retornar ao vilarejo é algo normal, e algo que obrigatoriamente deve ser feito.
Para os moradores isso é um fato, mas para outras pessoas que deixam o vilarejo, como carteiros ou oficiais do governo, não estão autorizados a sair sem isso.
Felizmente, a maioria das regras não são relevantes a não ser que você comece a viver aqui. Se você não entrar em uma casa, não precisa se preocupar em tirar os sapatos; se você não comer, não tem motivos para dizer “itadakimasu”, se você não pedir para as outras pessoas fazerem coisas para vocês, você não precisa dizer “obrigado”… É mais ou menos isso.
Quando se trata de um viajante sem-teto, quase não existem regras que possam ser aplicadas, fora ter que lavar as mãos nesta bacia. De certo modo, você pode considerar um pequeno ato de misericórdia, do vilarejo ríspido com aqueles que vem de fora.
Porém, no meu ponto de vista, é simplesmente um ponto cego.
Em primeiro lugar, não se espera que viajantes excêntricos vaguem pelo vilarejo. Embora o cenário e a atmosfera daqui, nas montanhas, possam ser mais impressionantes que da cidade. Existem muitos outros lugares mais deslumbrantes no Japão.
Não existem vistas panorâmicas ou pontos turísticos aqui. Ninguém visita este lugar com exceção dos moradores; é um fim de mundo, sem nada a não ser montanhas por trás.
Sabendo de tudo isso, o mínimo que um viajante como eu pode fazer é obedecer uma simples regra, lavar suas mãos e mostrar a esta terra o respeito que ela merece. Isso é o que um viajante normal deve fazer.
Eu peguei a concha e peguei um pouco de água.
“Eu sinto muito”
…Eu não sou um viajante normal. ”
A concha caiu das mãos de Takano.
Ele não caiu sozinha. Ela a derrubou.
A concha bateu no chão, fazendo barulho o suficiente para assustar até mesmo o próprio objeto, rolando pelo chão. Foi um barulho alto e claro.
…Foi alto o suficiente, para que se houvesse alguém vigiando para ver se pessoas de fora não quebrariam as regras, não há como não ter ouvido.
Mas a Takano apenas riu. Ele deu uma nítida risada, como se o que ela tinha feito fosse a coisa certa. Ela intencionalmente jogou a concha, para afastar as sujeiras e impurezas, para o chão…
“Espero que isso tenha sido o suficiente para uma saudação… Hehehe. ”
Takano montou em sua motocicleta mais uma vez.
Era duvidoso que ela pudesse ser capaz de ficar com algum morador, mas ela tinha certeza que haveriam casas vazias no vilarejo. Takano trouxe consigo todos os equipamentos necessários para acampar, por isso, enquanto ela tivesse um abrigo durante a noite, não teria nada com que se preocupar.
“…Bem… Me pergunto se eles vão chegar. Mal posso esperar. ”
O atrevido sorriso da Takano estava escondido por baixo de seu capacete.
Ele ligou sua motocicleta, e desapareceu para dentro da vila…
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Chiharu Nakamura havia seu mudado para o vilarejo um ano atrás, logo após a sua formatura no ensino médio.
O motivo de eu ter me mudado para cá… Bem, eu particularmente não quero dar explicações. A maioria das pessoas olha para mim com um olhar hesitante quando eu conto o verdadeiro motivo.
Meus pais são predispostos à depressão. Eles estão sempre procurando por um tipo de amparo, esperando que um dia ele mostre um caminho para algo na qual eles poderiam acreditar. Por isso, não é nenhuma surpresa que eles venham a colocar cartomantes e videntes em pedestais.
Depois de algum tempo, eles já estavam colocando todas as suas reservas em uma cartomante. Frequentando seminários que ela organizava e levando a sério todas as suas previsões de como o trabalho atual não era bom para eles ou que a família era cercada de más vibrações, e então começaram a comprar objetos obscuros como urnas espirituais. No fim, eles acreditaram na profecia de que seus verdadeiros destinos eram de viver uma vida simples em uma fazendo longe do país, livre de todos os laços obrigações.
Eu não sei o motivo da cartomante ter escolhido esse vilarejo em particular. Eu aposto que ele colocou um mapa em sua parede, atirou um dardo e decidiu pelo local que ele marcou. De qualquer maneira, eu sei que a profecia foi o que convenceu eles a vir para cá.
Graça a isso, nós cinco, os Nakamuras (eu, meus pais e meus dois irmãos mais velhos) nos mudamos para esse estranho e deserto vilarejo.
Meus irmãos não pareceram se importar muito com isso.
Meu irmão mais velho está preso em uma depressão profunda por ter sofrido bullying no fundamental, para registro, foi quando os meus pais começaram a pensar sobre como resolver isso que eles foram a um cartomante pela primeira vez. Por causa disso, meu irmão mais velho tem tanta fé na profecia como os meus pais.
O meu outro irmão também foi outra vítima do bullying. Enquanto ele não caía em depressão, ele se tornou uma pessoa bem amarga, por isso ele é mais feliz vivendo como um eremita no meio do nada.
Então, é claro, não há muito o que eu posso dizer como uma pessoa imparcial.
….Realmente, provavelmente tem uma parte de mim que fica deprimida facilmente, assim como o resto da minha família. Por isso, eu devo de ficado cansada da vida na cidade, ou entediado da minha vida normal… Ou eu pensei que poderia recomeçar tudo em uma vila remota… Por isso eu deixei para que eles decidissem, esperando que isso pudesse mudar algo na minha vida.
E então, nossa família fez as malas e se mudou para este vilarejo. Nós nos mudamos para esse estranho e sufocante vilarejo, impregnado de restrições e regras para tudo.
Os anciões do vilarejo têm uma mente incrivelmente limitada e inflexível. Por isso, você não pode quebrar nenhuma das regras na frente deles. Sempre que você está perto de quebrar alguma das regras, vai ter sempre alguém próximo, observando, pronto para arrancar seus pulmões fora com a boca.
Eles esperam uma adoração perante a estátua do Jizo², ou de seu templo em miniatura, ajuda para realizar certos tipos de rituais e outras coisas. Eu não sou daqui, por isso seria bom se eles explicassem as coisas mais pacientemente, mas parece que eles não se importam. Eles apenas me repreendem como se me faltasse bom senso.
Isso porque, 24 horas por dia, 365 dias por ano, você tem que ter certeza de que você está constantemente honrando os espíritos de seus ancestrais e nunca ofender os deuses ou Buda, tudo baseado nas crenças religiosas do vilarejo. Não é à toa que os moradores mais jovens que deixam o vilarejo e vão para à cidade nunca mais voltam.
Quando em Roma, faça como os Romanos. Mas não só agora, como sempre, acontece de eu me esquecer de algumas pequenas regras (na verdade, seria mais correto, nesse caso dizer “etiqueta”) sem nenhum prejuízo. Os moradores costumavam sempre me ver fazendo algo errado, mas então eu comecei a ignorar eles, e eventualmente eles pararam de falar.
Eu estou perfeitamente bem, mesmo sendo ignorada. Não é como se eu tivesse vindo para cá para socializar com os moradores. Eu apenas estou aqui por causa da profecia que os meus pais ouviram.
Minha família não vê problemas com esse sufocante, cansativo e estranho vilarejo. Eles estão sempre felizes dedicando suas vidas à forças divinas ou qualquer coisa que elas sejam. Eu acho que é mais fácil para eles, quando o que eles precisam fazer é claramente definido em sua frente, não importando o quão difícil seja. O único momento em que a minha família tem mais dificuldade é quando precisam responder certas circunstâncias a alguma pessoa.
É claro, isso é apenas por aparência. Eles não veneram nenhum deus ou ancestral de verdade. Afinal, o que eles realmente veneram é o deus do sol que o Sr. Guru Adivinhação está sempre falando o Blá-blá-blá-isso-e-aquilo.
E dessa forma, nós lentamente nos adaptamos a vida nesse sufocante vilarejo, e logo, um ano se passou…
“…Mm…? O quê? Que horas são…? ”
“Vamos, acorde! Você precisa levantar, Chiharu, é incrível! Olhe…! ”
Eu olhei para o relógio e ainda não eram nem 6 h da manhã. Parece que o meu irmão estava fazendo toda uma confusão por causa do nascer do sol.
…Eu admito que o nascer do sol no Ano Novo é algo que vale a pena ser visto, mas se for qualquer outro dia do ano, eu não dou importância nenhuma.
Eu tentei voltar a dormir, mas meu irmão não me deixa descansar. Eu queria reclamar com a minha mãe, mas, infelizmente, ela saiu de férias, três dias e duas noites, para fontes termais junto com uma amiga ontem.
Tanto faz. Eu vou levantar. Eu desisti, sabendo que o meu irmão não tem a minha capacidade de compreender como outras pessoas se sentem.
“Yaaaaawn… O que é tão incrível…?”
Quando eu percebi, eu vi meu pai e meu outro irmão olhando para o Sol da manhã, cobrindo os olhos com a mão.
O quê? É um eclipse solar ou algo do tipo? Mas não existe nenhuma razão para e acordar cedo…
…Hã?
…
“…Hã!?”
Eu estava estupefata. Olhando diretamente para o Sol no céu, deixando o queimar meus olhos.
No entanto, não havia nada além do sol queimando as minhas pálpebras…
“Tem… d… dois sois…”
Semelhante a um par de olhos, dois sois, alinhados, um diante do outro, no céu.
Isso… isso é possível…!? Eu não posso acreditar. Eu nunca ouvi falar de um fenômeno como esse… É algum tipo de miragem? Mas se eu me lembro bem, miragens distorcem imagens na vertical… … Eu nunca ouvi sobre uma que… que distorce os lados…
Enquanto olhávamos pela janela espantados, um dos nossos vizinhos nos virão.
O vizinho ao lado se chama Suzuki-san, um homem idoso que vive junto com o seu filho. Ele se mudou para cá na mesma época que nós. O motivo dele ter vindo para cá é o mesmo que o nosso. Em outras palavras, ambos fomos enganados por cartomantes.
“Ei, bom dia, Nakamura-san…” Bem… isso é uma visão bem estranha…! ”
“Bom dia… Eu realmente… me pergunto o que é tudo isso…”
Não tem como sabermos.
A família Nakamura e a família Suzuki — um total de seis pessoas — olhando paras dois sois com espanto, quem se importa em proteger os olhos…
~~~~
“… Não é uma visão interessante? ”
Takano também estava olhando para aquele nascer de sol duplo, através de seus óculos de sol. No entanto, sua expressão não refletia surpresa ou preocupação.
Apenas uma intrépida admiração.
Admirando a sua própria sorte, que nunca deixe de o surpreender.
“Isso me poupou o trabalho de vadiar por aí por vários dias”, ela esperava passar vários dias matando o seu tempo nesse chato vilarejo, mas só precisou de uma noite para testemunhar isso”
Takano checou mais uma vez os seus pertences e juntou tudo. O conteúdo de sua mochila é mais do que suficiente para ele ser parada por um policial, desde uma faca longa até uma shotgun de caça.
A aventura dela estava para começar quando ele começou a fazer as suas preparações. Assim, ela já havia arranjado todos os equipamentos que precisava e os levou para o Japão. É claro, sua mochila estava cheia de ferramentas para saciar seu senso de curiosidade intelectual, como câmeras, notebooks e arquivos de pesquisa.
Porém, sua moto havia parado de funcionar. Ela não dava mais a partida. Não importa o quanto ela tentasse não havia sinal de resposta.
Ele teria quebrado, mesmo tendo funcionando tão bem apenas um dia atrás? Há algo claramente anormal quanto a isso.
“… Então você quer eu eu faça o resto de minha jornada a pé, hã? Hehe. ”
Agora, por onde começar? Suponho que uma pequena exploração venha primeiro. Takano começou seu passeio pela estrada. Se ela não estivesse com uma shotgun pendurada em suas costas, talvez essa pudesse ser uma adorável caminhada sob o sol da matinal.
O Vilarejo estava inacreditavelmente quieto. Havia apenas o som do vento batendo nos galhos das árvores… porém nada além disso, nem mesmo o som de alguma criatura viva. É impensável não ouvir nem o chilrear dos pássaros quando se está tão fundo em uma montanha.
Como tal… vozes de pessoas começaram a ficar mais claras.
Takano ouviu alguém gritando em um tom estridente. A vozes estava constantemente se aproximando. Sem mudar sua expressão séria, ela pegou sua shotgun.
A voz pertencia a uma garota. Ela estava andando enquanto gritava, “Tem alguém aí?” repetidas vezes.
Qualquer um assumiria que ela era humana. Uma frágil e 100% jovem garota humana.
Porém, o “jogo” já havia começado.
E então, de acordo com as regras do jogo, Takano optou por se mostrar. Ela pulo pelos arbusto, apontando sua arma e confrontando a figura próxima.
E como resultado perfeitamente natural, a garota ficou extremamente apavorada.
“Eek…!”
“Bom dia. Não é uma adorável manhã com dois sois brilhando? ”
“O-O-O que é isso, o que está acontecendo…?! …M-Me desculpe, me desculpe, por favor me perdoe…”
A garota parecia estar pensando que havia entrado em alguma área proibida do vilarejo, e por isso estava sendo ameaçada com uma arma.
A visão da garota assustada, caindo para trás era muito gratificante, por isso eu, satisfeita, abaixei minha arma.
“Qual o seu nome? ”
“N-Nakamura. Chiharu Nakamura. Bem, e-eu me mudei para cá ano passado…!”
“Aha, entendo… Minhas condolências. ”
Takano sorriu, tendo chegado a um entendimento. Chiharu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas ela se acalmou um pouco depois que a outra mulher abaixou sua arma, e se levantou lentamente.
E então, ela pode dar uma boa olhada na aparência de Takano, e percebeu que não era alguém do vilarejo.
“Bem.. Quem é você…?”
“Miyoko Takano. Pode me chamar só de Miyoko, Chiharu.”
“M-Miyoko-san você é… haaah… Eu estou muito feliz. Eu realmente pensei… que não havia mais ninguém na esquerda…”
“O que quer dizer? ”
“B-Bem… os nossos vizinhos se foram. Todas as casas exceto a nossa e a do Suzuki-san estão vazias…! Eles deixaram as portas da frente abertas, então nós estávamos pensando se eles tinham ido a algum lugar…”
“Quem é Suzuki-san? ”
“H-Hmm, ele é uma pessoa que se mudou para cá na mesma época que nós, cerca de um ano. Ele é um senhor que vive com o seu filho…”
“Entendo. Então não tem sinal de mais ninguém além de sua família e ele, é? ”
Haviam muitos entre os anciões que acordavam cedo. Sabendo disso, eles devem ter se reunido para olhar para os dois sois, legitimamente atordoados. E Ano Novo, entendo, rapidamente percebeu que não havia ninguém por perto. Todas as casas estavam completamente desertas e todos os moradores haviam desaparecido quando ninguém estava olhando… Quando perceberam, as duas famílias começaram a procurar pelo vilarejo para ver se ainda havia alguém.
“Você provavelmente não vai encontrar ninguém. ”
“… Onde… todos eles foram…? Me pergunto se isso é algum tipo de evento. Talvez eles tenham indo a um festival em algum lugar, e nós só não sabemos disso…”
“Mas até onde eu sei, o vilarejo não tem nenhum festival como esse. ”
“É… é isso?
“Eles provavelmente estão nas montanhas. ”
“Nas montanhas? ”
“Não se preocupe com isso. Além do mais, mesmo que você vá procurar, ou não, eles vão retornar, cedo ou tarde. ”
Chiharu estava (completamente jogada em um loop), Ainda sim, ele conseguia ver a Takano calma mesmo com essa situação.
“Hm… Por que não voltamos para nossas casas? Em horas como essa, eu acho que a melhor coisa a se fazer é ficarmos juntas…”
“…É verdade. Suponho que qualquer ajuda seja bem-vinda. ”
Takano prefere trabalhar sozinha, mas ao perceber que não faz mal conhecer a família da Chiharu. Sabendo o que está para acontecer…ela vai precisar de toda ajuda que conseguir.
“E-Então, vamos. … É por aqui”
“Ah, espere um minuto. “Takano pegou seu caderno e começou a escrever
“Primeiro dia, de manhã cedo. Encontrei com um aldeão pela primeira vez, Chiharu Nakamura. Pronto”
Após escrever, ela fechou seu caderno, parou com a caneta no ar, como se estivesse pensando em algo para escrever na capa.
“Eu vi alguns vaga-lumes noite passada. ”
“Em certas noites, você consegue ver lindos vaga-lumes na aldeia…”
“Eles são mesmo lindos. A forma com a turva luz verde dança é simplesmente linda. ”
… É isso. Vaga-lumes, O Brilho dos vaga-lumes.
A caneta de Takano deslizou pela capa do caderno. Esse é o título.
Quando os Vaga-lumes Brilham.
1 Superpapel limitado: “超パー (choupaa)”é um trocadilho onde “paa” pode significar tanto papel quanto idiota. Limitado indica que sua inteligência é limitada.
2Jizo: são estátuas budistas encontradas em beiras da estrada e cemitérios. Eles são os guardiões das crianças e protetores dos viajantes. E são encontrados frequentemente em grupos de seis.
3Temizuya: é um pavilhão de água próximo a templos xintoístas. Usados para lavar as mãos e a boca como forma de se purificar.